Entrevista com o Professor Tarcisio Pequeno para o Jornal O Povo

A lógica da tolerância
Engenheiro, filósofo, mestre e doutor em computação, Tarcísio Pequeno é um dos nossos intelectuais mais produtivos
Luiz Henrique Campos
da Redação O Povo
20 Jul 2009 - 01h35min


Diretor-presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Tarcísio Haroldo Cavalcante Pequeno costuma dizer que sempre procurou levar a vida de uma forma simples e frutífera. Trajetória moldada na infância por alguns momentos que ainda hoje lhe marcam. Filho de Haroldo Cipriano Pequeno, um dos fundadores da Faculdade de Agronomia da UFC, Tarcísio lembra quando criança era levado pelo pai para brincar nos laboratórios de pesquisa do campus do Pici.

Dessa época, considera, nasceu o seu apego a universidade. “Associei essa ideia de universidade como um lugar onde a gente se diverte”. Outro traço que lhe definiu a personalidade foi a possibilidade de estudar em casa até a 5ª série primária. Por um lado isso lhe retardou a sociabilidade. De outro, não só aumentou o prazer pelo estudo, como até hoje, a casa é o seu ponto de conforto e de produção intelectual. Ao ponto de confessar que, no trabalho, faz a parte social. Em casa, produz.

Aos quem acham que as coisas sempre foram fáceis para esse cientista, ele confirma: “minha vida sempre foi a maior moleza”. E parece ter sido. Passou no vestibular na primeira vez, sem fazer cursinho, tirando o primeiro lugar em Engenharia Civil; entregou a tese de doutorado um ano antes do prazo determinado; foi um dos primeiros doutores formados em computação no Brasil e um dos pioneiros no estudo da inteligência artificial no País.

O POVO - Para começar, como o senhor se autodefine?
Tarcísio Pequeno - Como uma pessoa que sempre procurou levar a vida pelo caminho mais simples e, ao mesmo tempo, mais frutífero. De alguma maneira tentando combinar onde estavam minhas simpatias, competências e apetências naturais, como é que se constituía essa síntese. Isso me norteia.

O POVO - E a sua ligação com o saber?
Tarcísio Pequeno - Cedo descobri que gostava muito de ler e de estudar. Desde que fosse o que eu gostasse de ler e estudar. Sempre tive uma inclinação por assuntos científicos, sempre achei fascinante. Talvez isso se ligue a alguns fatos. O meu pai - Haroldo Cipriano Pequeno - era professor universitário de Física na Escola de Agronomia. Foi um dos fundadores. Ele tinha um laboratório no Campus do Pici. Nas férias me levava para brincar lá. Isso, eu acho, determinou duas coisas na minha vida: o gosto para as coisas científicas e pelo ambiente universitário. Veja bem, uma coisa que era a universidade vista por mim como um parque de recreio, onde eu passava parte das minhas férias na infância. Então associei essa ideia de universidade como um lugar onde a gente se diverte. Bom, isso é traço. Outro traço, que me ocorre agora, é o seguinte: por um costume daquela época, fiz até a 5ª série primária em casa. E meu pai usou ainda aquele sistema da preceptora, uma professora que nos ensinava, a mim e ao meu irmão, em casa. Isso, por um lado, retardou a minha sociabilidade. Mas como tinha muito moleque na rua, se compensava de outra forma. Só na 5ª série fui para o Colégio Cearense e, ainda assim, um colégio masculino, o que também retardou a minha sociabilidade com o universo feminino. Mas diria que esse hábito de estudar em casa, que aliás me agradava muito, retornou com as novas tecnologias, o que foi um presente. Tão logo pude, passei a adotar essa sistemática. É claro que vou aos locais de trabalho, como a Funcap, por exemplo. Na realidade, só produzo intelectualmente em casa. Se tiver que escrever um artigo científico, um texto para jornal, se tiver que fazer uma coisa mais profunda, que exige concentração, inspiração, tenho que fazer em casa. No trabalho, não faço. Até digo que o local de trabalho é onde faço o social. Mas produzir intelectualmente, produzo em casa.

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Fonte: O Povo Online

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